Quando você vai ao supermercado e percebe que os mesmos produtos custam mais do que no mês passado, você está sentindo na pele o efeito da inflação. Mas como o governo e as empresas medem esse aumento? Como sabem quanto o seu salário precisa ser reajustado para você não perder poder de compra?
É aí que entra o INPC. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor funciona como um termômetro que mostra quanto a vida ficou mais cara para quem ganha entre 1 e 5 salários mínimos. Diferente de outros índices, o INPC foca especificamente nas famílias de menor renda, que sentem mais intensamente qualquer variação nos preços.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula esse índice todo mês. Ele serve para corrigir salários, aposentadorias do INSS, benefícios sociais e até contratos de aluguel. Em 2024, o INPC fechou em 4,77%, mostrando que os preços subiram quase 5% durante o ano.
Importância do INPC na economia brasileira
O INPC vai além de um simples número mensal divulgado nas notícias. Ele representa quanto do seu salário desaparece quando os preços sobem. Para as famílias que vivem com orçamento apertado, essa informação faz toda a diferença.
Pense assim: quando você ganha 2 salários mínimos, cada real conta. Se o arroz subiu 10%, o gás de cozinha aumentou 8% e o ônibus ficou mais caro, você sente isso no bolso imediatamente. Não dá para simplesmente cortar gastos quando tudo é essencial.
O INPC captura exatamente essa realidade. Por isso, diversos sindicatos usam esse índice nas negociações salariais. O objetivo? Garantir que os trabalhadores não percam poder de compra. Se o INPC foi de 4,77% no ano, o reajuste salarial precisa acompanhar pelo menos esse percentual para que você consiga comprar as mesmas coisas que comprava antes.
Os aposentados do INSS também dependem desse índice. O reajuste anual dos benefícios leva em consideração o INPC acumulado de 12 meses, encerrando em novembro. Dessa forma, o novo salário mínimo pode ser definido ainda em dezembro para vigorar em janeiro do ano seguinte.
Além disso, o INPC funciona como um indicador antecipado de problemas econômicos. Quando ele sobe muito, mostra que a população de menor renda está enfrentando dificuldades. Isso pode significar queda no consumo, aumento da inadimplência e até mesmo necessidade de ajustes na política econômica do país.
Precisa de crédito descomplicado?
Veja como a CashMe pode te ajudar:
Como é calculado o INPC?
O cálculo do INPC não acontece com base em estimativas ou projeções. O IBGE vai literalmente a campo coletar preços reais em estabelecimentos comerciais, concessionárias de serviços públicos e lojas virtuais.
A coleta acontece mensalmente, geralmente do dia 1º ao dia 30 de cada mês. Mas não é em qualquer lugar do Brasil. O INPC abrange 16 regiões específicas: as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Os pesquisadores do IBGE visitam os mesmos estabelecimentos todos os meses, anotando o preço de cada item. Depois, comparam com o mês anterior. Subiu? Quanto? Caiu? Em que proporção?
A metodologia segue critérios bem definidos. A população-objetivo do INPC abrange famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, cuja pessoa de referência é assalariada. Até 2011, essa faixa ia de 1 a 6 salários mínimos. A mudança aconteceu para garantir uma cobertura populacional de pelo menos 50% das famílias assalariadas de menor renda.
O IBGE utiliza a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) para definir o que entra no cálculo. Essa pesquisa mostra quanto cada família gasta com alimentação, transporte, moradia, saúde e outros itens. Com esses dados, o instituto define o peso que cada produto ou serviço tem no índice final.
Cesta de produtos e serviços do INPC
A cesta do INPC reflete o que as famílias de menor renda realmente consomem no dia a dia. Não adianta incluir passagens aéreas ou planos de saúde caros se essas famílias não gastam com isso.
O IBGE divide os produtos e serviços em 9 grupos principais:
Alimentação e bebidas: arroz, feijão, carne, leite, pão, frutas, verduras, refrigerantes, café, açúcar e refeições fora de casa. Esse grupo tem peso maior no INPC do que em outros índices porque famílias de menor renda gastam proporcionalmente mais com comida. Em 2024, esse grupo acumulou alta de 7,60%, gerando impacto de 1,83 ponto percentual no INPC do ano.
Habitação: aluguel, condomínio, energia elétrica, água e esgoto, gás de cozinha e manutenção do lar.
Artigos de residência: móveis, eletrodomésticos, utensílios e produtos de limpeza.
Vestuário: roupas, calçados e acessórios para toda a família.
Transportes: passagem de ônibus, gasolina, etanol, manutenção de veículo, seguro e estacionamento. Em 2024, esse grupo subiu 3,77% e teve impacto de 0,74 ponto percentual no INPC.
Saúde e cuidados pessoais: remédios, consultas médicas, exames e produtos de higiene pessoal.
Despesas pessoais: serviços bancários, cartório, correio e outras taxas.
Educação: mensalidade escolar, material didático, uniforme e cursos diversos.
Comunicação: telefone fixo, celular, internet e TV por assinatura.
Cada item dentro desses grupos tem um peso específico no cálculo final. O peso reflete quanto aquele produto representa no orçamento das famílias. Por exemplo, se as famílias gastam 25% da renda com alimentação, esse grupo terá peso proporcional no índice.
Diferença entre INPC e IPCA
Muita gente confunde INPC e IPCA. Ambos são calculados pelo IBGE, ambos medem inflação, ambos usam metodologia parecida. Mas existe uma diferença fundamental: o público que cada um representa.
O INPC foca nas famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos. Já o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) abrange famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos.
Quem ganha 40 salários mínimos tem um padrão de consumo completamente diferente de quem ganha 2 salários. A família de renda mais alta pode ter carro próprio, plano de saúde particular, viajar de avião, matricular os filhos em escolas particulares caras. Já a família de menor renda depende de transporte público, usa o SUS, não viaja de avião com frequência e busca escolas públicas ou particulares mais acessíveis.
Por causa dessas diferenças, o peso dos produtos varia entre os índices. No INPC, alimentação e bebidas têm peso maior. Afinal, quem ganha menos gasta proporcionalmente mais com comida. No IPCA, itens como passagens aéreas e planos de saúde têm peso maior, pois famílias de renda mais alta consomem mais esses serviços.
Na prática, os dois índices costumam andar próximos. Em 2024, o INPC fechou em 4,77% e o IPCA em 4,83%. A diferença de apenas 0,06 ponto percentual mostra que, no agregado, a inflação afetou de forma similar todas as faixas de renda naquele ano.
Mas há momentos em que os índices divergem. Quando a gasolina sobe muito, o IPCA sofre mais impacto porque famílias de renda mais alta têm mais carros. Quando o arroz e o feijão disparam, o INPC sobe mais porque esses itens pesam mais no orçamento das famílias de menor renda.
O IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil. O Banco Central usa o IPCA como referência para a meta de inflação. Quando o Banco Central decide subir ou baixar a taxa Selic, olha principalmente para o IPCA.
Já o INPC tem aplicações específicas. Além do reajuste do salário mínimo e dos benefícios do INSS, muitos contratos de aluguel usam o INPC como indexador. Também é comum encontrar acordos coletivos de trabalho que estabelecem o INPC como base para correção salarial.
Quer saber qual é a linha de crédito mais barata do mercado?
Nosso Empréstimo com Garantia de Imóvel tem taxas até 12 vezes mais baixas do que outras linhas e prazos muito maiores para você quitar sem preocupação.
Cálculo da correção monetária pelo INPC
Você precisa atualizar um valor antigo para os dias de hoje? Quer saber quanto deveria receber de reajuste? O INPC serve exatamente para isso: corrigir valores pela inflação.
A fórmula básica é simples. Você pega o valor original, multiplica pelo INPC acumulado do período e divide por 100. Depois, soma o resultado ao valor original.
Mas na prática, você não precisa fazer essas contas manualmente. Existem calculadoras online gratuitas, inclusive no site do IBGE, que fazem todo o trabalho para você. Basta inserir o valor, a data inicial e a data final.
A lógica por trás do cálculo é direta: se a inflação foi de 4,77% no ano, um produto que custava R$ 100,00 em janeiro deveria custar R$ 104,77 em dezembro para manter o mesmo valor real. Tudo o que custa abaixo disso representa uma redução real de preço. Tudo acima disso é aumento real.
Empresas usam o INPC para reajustar contratos de prestação de serviços. Condomínios aplicam o índice para corrigir a taxa condominial. Proprietários de imóveis usam para atualizar o valor do aluguel. E os trabalhadores acompanham o INPC para verificar se o aumento salarial compensou a inflação do período.
Exemplo prático de cálculo
Vamos a um exemplo concreto. Imagine que você alugou um imóvel em janeiro de 2024 por R$ 1.500,00 mensais. O contrato prevê reajuste anual pelo INPC. Quanto deveria ser o aluguel em janeiro de 2025?
O INPC de 2024 foi de 4,77%. Então:
R$ 1.500,00 × 4,77% = R$ 71,55
R$ 1.500,00 + R$ 71,55 = R$ 1.571,55
O aluguel reajustado seria de R$ 1.571,55. Se o proprietário cobrar menos que isso, você teve um desconto real. Se cobrar mais, está aumentando acima da inflação.
Outro exemplo: você recebia um salário de R$ 3.000,00 em janeiro de 2024. Para manter o mesmo poder de compra em janeiro de 2025, considerando o INPC, seu salário deveria ser:
R$ 3.000,00 × 4,77% = R$ 143,10
R$ 3.000,00 + R$ 143,10 = R$ 3.143,10
Se sua empresa ofereceu aumento de R$ 100,00, você teve reajuste de apenas 3,33%, perdendo 1,44 ponto percentual para a inflação. Na prática, você perdeu poder de compra, mesmo ganhando um valor nominal maior.
Esse cálculo vale para qualquer período. Se você quer corrigir um valor de 5 anos atrás, precisa usar o INPC acumulado desses 5 anos. Se quer corrigir mês a mês, aplica o INPC mensal sucessivamente.
Dados e tabelas do INPC
Acompanhar os números do INPC ajuda você a entender como anda o custo de vida no país. Em 2025, os dados mostram oscilações importantes.
Em janeiro de 2025, o INPC ficou em 0,57%, mostrando uma aceleração em relação a dezembro de 2024, quando foi de 0,48%. Fevereiro trouxe o maior salto: 1,48%. Março aliviou um pouco, caindo para 0,51%.
No acumulado de 2025 até março, o INPC já soma 2,00%. E nos últimos 12 meses (de abril de 2024 a março de 2025), o índice acumula 5,20%.
Para comparação, o INPC de 2024 fechou em 4,77%, uma alta em relação a 2023, quando o índice encerrou em 3,71%. Em 2022, o INPC havia sido ainda maior: 5,93%.
Essas variações mostram que a inflação para as famílias de menor renda vem oscilando. Depois de um ano desafiador em 2022, houve alívio em 2023, seguido de nova aceleração em 2024 e 2025.
O IBGE divulga o INPC mensalmente, geralmente entre os dias 8 e 11 de cada mês. A divulgação se refere sempre ao mês anterior. Por exemplo, em 11 de fevereiro saem os dados de janeiro.
Você pode acessar todas essas informações gratuitamente no site do IBGE. Lá estão disponíveis tabelas completas com séries históricas, gráficos de evolução e detalhamentos por grupo de produtos.
Histórico do INPC
O INPC existe desde 1979 e atravessou diferentes momentos da economia brasileira. Nos anos 1980 e início dos anos 1990, o Brasil viveu um período de hiperinflação. O INPC registrava aumentos mensais de dois dígitos, chegando a acumular centenas ou milhares de pontos percentuais ao ano.
O Plano Real, implementado em 1994, mudou esse cenário. A inflação caiu drasticamente. A partir de então, o INPC passou a variar em patamares bem mais baixos, geralmente entre 2% e 8% ao ano.
Alguns anos recentes merecem destaque. Em 2015, o INPC chegou a 11,28%, reflexo de uma crise econômica profunda. Em 2016, ainda ficou elevado, em 6,58%. Depois, houve uma sequência de anos com inflação mais controlada.
Em 2020, no início da pandemia, o INPC foi de apenas 5,45%. Em 2021, voltou a subir fortemente, chegando a 10,16%, impactado pela desorganização das cadeias produtivas globais e pela alta do dólar.
O histórico mostra ciclos. Períodos de alta inflação geralmente coincidem com crises econômicas, problemas fiscais ou choques externos. Já os períodos de inflação mais baixa aparecem quando a economia está estável, o câmbio controlado e a produção funcionando normalmente.
Para as famílias de menor renda, essas oscilações significam períodos mais difíceis ou mais tranquilos. Quando o INPC dispara, o orçamento familiar encolhe rapidamente. Quando se mantém baixo, sobra um pouco mais de dinheiro no fim do mês.
Impactos do INPC na vida do consumidor
O INPC não é apenas um número técnico. Ele representa quanto você consegue comprar com seu salário.
Quando o INPC sobe, você sente imediatamente no supermercado. Aquela compra que custava R$ 300,00 agora custa R$ 320,00. Você não está comprando mais coisas, mas gastando mais dinheiro. Isso é perda de poder de compra.
Se o seu salário não acompanha o INPC, você precisa fazer escolhas. Comprar carne de segunda em vez de primeira. Trocar a marca do café. Reduzir o consumo de frutas. Andar mais de ônibus e menos de aplicativo de transporte.
Para as famílias que já vivem no limite, qualquer alta do INPC gera consequências. Começa a faltar dinheiro para pagar contas. O cartão de crédito vira rotativo. As dívidas aumentam. O nome pode ir para os cadastros de inadimplentes.
O impacto vai além do orçamento doméstico. Quando muitas famílias perdem poder de compra ao mesmo tempo, o comércio sente. As vendas caem. As empresas reduzem investimentos. O emprego fica ameaçado. A economia desacelera.
Por outro lado, quando o INPC está controlado e os salários sobem acima dele, as famílias conseguem melhorar de vida. Dá para comprar um eletrodoméstico novo. Matricular o filho em um curso. Fazer uma pequena viagem. Guardar algum dinheiro.
O INPC também afeta decisões de crédito. Um INPC alto costuma vir acompanhado de aumento da taxa Selic. Quando a Selic sobe, os financiamentos ficam mais caros. A prestação do carro aumenta. O empréstimo pessoal cobra juros maiores. Fica mais difícil tomar crédito.
Para quem já tem dívidas, um INPC elevado piora ainda mais a situação. Os juros sobem, mas o salário não acompanha. O aperto financeiro aumenta.
Perguntas frequentes sobre o INPC
O que significa quando o INPC fica negativo?
Um INPC negativo indica deflação, ou seja, os preços caíram em relação ao mês anterior. Isso é raro de acontecer no acumulado anual, mas pode ocorrer em meses isolados. Geralmente acontece por quedas acentuadas em itens específicos, como alimentos sazonais ou combustíveis após políticas de redução de impostos.
Quem decide o valor do INPC?
Ninguém decide o valor do INPC. O IBGE apenas mede a variação real dos preços no mercado. Os pesquisadores vão aos estabelecimentos, anotam os preços e calculam a variação. O índice reflete a realidade, não uma decisão política ou econômica.
O INPC é usado apenas no Brasil?
O INPC é específico do Brasil, calculado pelo IBGE. Outros países têm seus próprios índices de inflação com nomes e metodologias diferentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, existe o CPI (Consumer Price Index). Na Europa, há o HICP (Harmonised Index of Consumer Prices).
Por que o INPC às vezes é diferente do IPCA?
Porque medem públicos diferentes. O INPC foca em famílias de 1 a 5 salários mínimos, enquanto o IPCA abrange famílias de 1 a 40 salários. Como os padrões de consumo variam entre essas faixas, os índices podem divergir. Mas geralmente ficam próximos.
Posso usar o INPC para qualquer tipo de correção monetária?
Depende do que está estabelecido em contrato. O INPC é adequado para corrigir valores relacionados a salários, aluguéis e benefícios. Mas alguns contratos usam outros índices, como o IPCA ou o IGP-M. Você precisa verificar qual índice está previsto no seu contrato específico.
O INPC considera impostos?
Sim. O INPC mede o preço final pago pelo consumidor, que já inclui todos os impostos. Se um imposto aumenta e eleva o preço do produto na prateleira, esse aumento aparece no INPC.
Como o INPC influencia a aposentadoria do INSS?
O INSS usa o INPC acumulado de 12 meses, encerrando em novembro, para reajustar os benefícios em janeiro do ano seguinte. Se o INPC acumulado foi de 4,77%, os benefícios sobem esse percentual. Assim, o valor recebido pelos aposentados mantém o poder de compra.
Existe algum site para calcular a correção pelo INPC?
Sim. O próprio site do IBGE oferece uma calculadora gratuita de correção monetária. Você também encontra ferramentas similares em sites especializados em economia e finanças, como Brasil Indicadores, Banco Central e diversos portais financeiros.
O que acontece se meu salário não for reajustado pelo INPC?
Você perde poder de compra, ou seja, consegue comprar menos coisas com o mesmo dinheiro. Muitos trabalhadores negociam com suas empresas ou através de sindicatos para garantir reajustes que pelo menos acompanhem a inflação.
Por que alimentação tem peso maior no INPC?
Porque famílias de menor renda gastam proporcionalmente mais com alimentação. Enquanto famílias de renda alta podem gastar 10% ou 15% da renda com comida, famílias de renda baixa gastam 25% ou mais. O peso maior reflete essa realidade, tornando o INPC mais sensível a variações nos preços de alimentos.
Crédito maior, juros menores!
Com o Empréstimo com Garantia de Imóvel da CashMe, você acessa grandes valores com as menores taxas. Consiga até 25 milhões para projetos pessoais ou empresariais e use como quiser!
