o que é ipca

Saiba o que é IPCA e como ele afeta o dia a dia das pessoas

29 nov 2022
13min de leitura

Se você assiste ao telejornal, já deve ter ouvido falar sobre o IPCA, mas, afinal, o que é? O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, é utilizado como uma forma de apresentar o impacto da inflação na economia e, principalmente, no bolso do brasileiro.

Sabe quando você vai ao mercado e nota que alguns produtos aumentaram, o combustível ficou mais caro e diversos produtos que antes eram mais em conta agora ficam mais custosos? Tudo isso tem a ver com o IPCA e sua medida de variação dos preços.

Se este é um assunto que você sempre quis saber mais, o Blog da CashMe é o lugar certo! Continue a leitura e saiba tudo que precisa sobre o que é IPCA e seu impacto.

O que é IPCA?

Visto como um dos mais tradicionais e conhecidos índices da inflação, essa sigla significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.  Criado em 1979, sua função é medir a variação dos preços de uma série de produtos e serviços comercializados. Sendo assim, ele é considerado o termômetro oficial da inflação no Brasil. 

Curiosamente, este é um indicador calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que utiliza como medida de cálculo a variação do consumo das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos.

O órgão que precisa realizar o levantamento de dados do IPCA precisa seguir uma regra rígida de tempo, já que mês a mês são considerados os preços de produtos básicos para a população, como moradia e alimentação. 

Cada item que compõe um dado referente a produtos e serviços, serve para resultar na taxa do IPCA, dando um peso diferente no cálculo final.

Um fato interessante sobre o IPCA é que ele dita o índice da inflação em todo o território nacional, porém seu cálculo não é feito com base em todas as cidades do Brasil. Para isso, a pesquisa feita pelo IBGE sobre preços é feita nas regiões metropolitanas de:

  • São Paulo;
  • Rio de Janeiro;
  • Porto Alegre; 
  • Curitiba;
  • Belo Horizonte;
  • Goiânia;
  • Brasília; 
  • Campo Grande;
  • Vitória;
  • Salvador;
  • Aracaju;
  • Fortaleza;
  • Recife;
  • Belém;
  • Rio Branco;
  • São Luís

Com pouco mais de 40 anos de criação, o IPCA ainda é um índice novo que chega para realizar os cálculos de preços. Uma vez que você sabe o que é o IPCA, veja como ele surgiu.

Como funciona o IPCA?

Você já parou para pensar em como o IPCA afeta a vida de milhões de brasileiros? É por meio dele que se sabe o índice oficial da inflação no país e como ele reflete a variação dos preços dos produtos e serviços utilizados pelas famílias brasileiras. 

O controle é feito por meio da Taxa Selic, a taxa básica de juros da economia do Brasil. Quando começam a surgir os sinais de aceleração da inflação, o Banco Central (Bacen), eleva a taxa de juros. 

Por falar nisso, desde 2000, o Bacen utiliza o IPCA para ajudar na tomada de decisão referente aos processos inflacionários que ditam o consumo dos brasileiros.

Dessa forma, não é segredo para ninguém: quando se diminui a quantidade de dinheiro no mercado, menos se tem demanda por produtos e serviços, levando assim a redução de preços.

Para chegar ao índice do IPCA, é realizado um cálculo específico que determina qual será o valor percentual que afetará diretamente a inflação. Conheça a seguir como esse cálculo é realizado pelos especialistas.

Como é calculado o IPCA?

Fazer o cálculo do IPCA é uma tarefa mais difícil do que explicar o que ele é. Antes de mais nada, é importante dizer que não é qualquer pessoa que pode realizar este cálculo. É preciso fazer análises e pesquisas quantitativas que irão resultar no índice para a inflação e, para essa metodologia, a base do cálculo é feita com o rendimento dos salários mínimos.

Neste caso, os alvos são as famílias que possuem de 1 a 40 salários mínimos, seja qual for a fonte da renda. O índice da inflação é determinado após a coleta dos preços, sendo entre os dias 1º e 30 de cada mês, nas lojas, concessionárias, serviços públicos, estabelecimento de prestadores de serviços e na internet.

A seara de produtos utilizados na pesquisa são de diversas origens. Desde os mais básicos como arroz e feijão, até consultas médicas, materiais escolares, mensalidade das escolas, eletrônicos, atividades de lazer, entre outros.

Após isso, é dado um peso para cada item de consumo médio da população. Neste caso são determinados os produtos que possuem maior importância para o dia a dia do brasileiro e os de menor. 

Por exemplo, classificando os itens de 0 a 10, sabendo que alimentação é um item essencial, podemos dizer que ele possui um peso 10, enquanto eletrônicos possuem peso 5, ou seja, são importantes, porém não essenciais para o dia a dia das pessoas.  

Além disso, não somente o cálculo de IPCA para 30 dias é feito, há também outros dois que são utilizados:

  • IPCA-15 para coleta de informações quinzenais, que vai do dia 16 ao dia 15 do mês seguinte e;
  • IPCA-E (ou Especial), que representa o índice acumulado do trimestre de cada IPCA-15.

Todos estes cálculos são utilizados para definir os índices de inflação que os brasileiros irão enfrentar.

Banner Central Emprestimo com Garantia de imovel - Ago 2022

O que é inflação e por que ela afeta você

Um dos conceitos da economia que mais aparece nos telejornais e é conhecido do público, é a inflação. Essa que já foi motivo de deixar muitas pessoas assustadas, atualmente pode-se dizer que está mais “controlada”. 

Para nomear o aumento de produtos e serviços, a economia utiliza o termo inflação, já que ela representa a elevação do custo de vida e a redução do poder de compra. 

É muito fácil saber quando a inflação está alta: basta uma ida ao supermercado. Atualmente, vemos que o valor dos produtos estão mais caros do que no passado. Além do impacto nos produtos básicos, há também produtos que ficam mais caros, como aluguel de imóveis e automóveis, eletrônicos e até a mensalidade das escolas e faculdades.

O aumento pode não ser totalmente prejudicial, mas, provavelmente, já deixou você bastante transtornado, principalmente com a economia do país. No entanto, a inflação serve para ajudar a frear o consumo, principalmente quando a velocidade de demanda já não tem mais como antes.

Provavelmente, você viveu ou ouviu histórias de quando o Brasil enfrentou um dos piores momentos da inflação, que até hoje causam tremores. A hiperinflação!

Qual a relação do IPCA com o salário?

O IPCA serve para a população entender se o seu poder de compra cresce, diminui ou fica estável em relação ao mês anterior ou nos últimos 12 meses. Por exemplo, se o IPCA sobe 6% ao longo de um ano, porém o rendimento do trabalhador sobe apenas 4%, quer dizer que o brasileiro está empobrecendo, pois seu poder de compra está diminuindo.

É por isso que o salário mínimo precisa crescer acima da inflação, para que o cidadão ganhe poder de compra.

Como o IPCA impacta os investimentos?

Todos os investimentos em renda fixa são impactados pelo IPCA, afinal, para garantir rentabilidade, é preciso que seu investimento no mínimo seja acompanhado pela inflação, e assim manter ou ampliar o poder de compra. Por exemplo, caso a inflação esteja 5% ao ano, e o investimento com retorno seja de 3%, você teria uma rentabilidade negativa. Agora, se o investimento tiver um retorno de 8%, você garantiria o seu poder de compra.

Investimentos que são que são afetados pelo IPCA:

  • Tesouro Direto;
  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA);
  • Fundos de Investimento;
  • Certificados de Depósito Bancário (CDB);
  • Debêntures.

O terror da hiperinflação no Brasil

Pare um momento agora e faça um exercício de se imaginar entre os anos 1980 e 1990. Você sai de casa para ir ao mercado comprar leite, ovos e pão. O valor da sua compra sai por R$ 20. Porém, mais tarde, você precisa comprar mais leite e decide retornar ao mesmo supermercado. Ao chegar você se depara com o valor do produto que mais do que triplicou em poucas horas.

Este exemplo usa um intervalo de horas para mostrar a mudança abrupta de preços, porém, muitas vezes ela acontecia durante as compras e em questão de minutos. Deu para imaginar essa agonia?

Pois esta foi a situação que muitos brasileiros viveram anos atrás e ainda lembram da sensação. Foi assim que a hiperinflação marcou uma geração inteira e a forma como as pessoas lidam até hoje com o dinheiro.

Para você ter uma ideia, em 2021, no ano inteiro, a inflação do Brasil ficou em 10,06%, o que já é considerado como um valor alto que impacta o dia a dia das pessoas. Já em 1989, a inflação do Brasil atingiu 1.782% no ano. Assustador, não é?

No entanto, é importante contextualizar que para atingir os valores estratosféricos que levaram o país a este problemão, foram diversos fatores. Mas, podemos destacar quais deram mais motivos para isso ter acontecido.

O início do fim

Já na década de 1960, a economia brasileira não estava no azul. Em 1964, a taxa da inflação batia facilmente os 90% ao ano. Na década de 1970, os gastos públicos com obras do governo foram os maiores responsáveis pelo endividamento externo, visto que o empréstimo estrangeiro era baseado em juros flutuantes, que variavam de acordo com as condições econômicas.

Nos anos 80, o alarme de emergência começou a ser tocado. O governo, naquela época, criou um programa de estabilização da economia, que não deu certo. A essa altura as dívidas já estavam muito altas e o Fundo Monetário Internacional interrompeu os empréstimos por medo de calote.

Para conseguir pagar as contas, a decisão foi emitir títulos de dívida pública para que investidores pudessem comprar. Na história da hiperinflação, um erro gravíssimo e que custou caro para o Brasil, foi comprometer as contas com juros altos que aumentavam junto com a inflação.

Assim, a dívida interna atingiu 50% do PIB e piorou com os prazos para pagamento. Em resumo: o Brasil estava sem crédito no mercado e com a economia completamente travada, à beira de decretar a falência.

Muitos planos foram elaborados para tentar frear a inflação e fazer com que a população se mantivesse minimamente esperançosa. Foram criados o Plano Verão, Plano Cruzado e o mais famoso, Plano Collor. 

O Plano Collor é até hoje lembrado pelas pessoas. Milhares de brasileiros foram afetados pela decisão do presidente na época, Fernando Collor, de congelar as poupanças das pessoas, impedindo que elas pudessem usar suas economias. O caos se instaurou e as pessoas passaram a desconfiar do governo. 

Plano Real

O que ajudou a tirar o Brasil dessa situação foi o Plano Real, quando foi feita uma renegociação da dívida externa e o crescimento do PIB. Na época foi criada uma unidade de medida chamada URV (Unidade Real de Valor), que servia para a economia ser atrelada ao dólar. 

Foi em 1994, que o URV se tornou o nosso real. Os programas de privatização foram responsáveis por segurar o câmbio do dólar em igualdade com o real. Ou seja, um real equivalia a um dólar. Isso ajudou no momento de pagar as dívidas externas e controlar a inflação para ela ter níveis mais saudáveis.

Foram muitos anos de desespero para chegar aos índices de inflação de hoje e principalmente com a criação do IPCA para ter melhor controle nos anos 90.

Quais os principais índices de inflação no Brasil além do IPCA?

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a história da inflação no Brasil e também as características principais do que é o IPCA, seu funcionamento e cálculo, chegou o momento de conhecer outros indicadores da inflação que acompanham o IPCA nessa jornada.

Sabendo que não é apenas o IPCA que influencia diretamente a inflação, no Brasil existem outros indicadores utilizados, sendo eles:

IPC (Índice de Preços ao Consumidor)

Por ele é medido a variação de preços de um grupo de bens e serviços que compõem as despesas habituais de famílias com renda entre 1 e 33 salários mínimos mensais, com dados coletados de sete capitais.

INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)

Já o INPC mede a inflação que afeta as famílias mais pobres, que recebem entre 1 e 5 salários mínimos mensais. Costuma ser um indicador para reajustar salários, corrigir o valor da aposentadoria e definir o salário mínimo. 

IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo)

Indicativo utilizado para registrar as variações de preços dos produtos do setor agropecuário e industriais em transações interempresariais, com cobertura no atacado e varejo. O cálculo do IPA é feito para acompanhar três intervalos diferentes, denominados por M, DI e 10, para coletar a amostra de produtos e o cálculo apenas no período da coleta de preços.

INCC (Índice Nacional de Preços da Construção Civil)

Os imóveis também não ficam de fora. Para quem deseja comprar um apartamento ou uma casa na planta de modo financiado deve saber que durante o período das obras o saldo devedor é calculado de acordo com o INCC.

Infelizmente, assim como todas as taxas que serão mencionadas neste artigo, não há como fugir do INCC, pois ele é uma taxa embutida na prestação do imóvel, para que a construtora não precise pagar sozinha pelo preço dos materiais de construção. Ou seja, quando você compra um imóvel na planta, está financiando a construção do empreendimento inteiro.

IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado)

Ainda falando sobre imóveis, o IGP-M é utilizado geralmente para atualizar o valor dos aluguéis e a perda do valor do dinheiro no tempo. 

Segundo dados da FGV, o IGP-M possui 60% do peso dos preços antes dos produtos chegarem ao consumidor final. Pode ser que ele e o IPCA possam se parecer, porém o IGPM considera os preços da construção civil com a função de corrigir o valor do aluguel e das tarifas de financiamento imobiliário.

IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas)

Diferente dos índices de inflação anteriores, o IPC-Fipe é calculado pela Fundação Instituto  de Pesquisas Econômicas (Fipe), para fazer análises da economia social, de vários setores, como preços de veículos, sendo o mais conhecido. 

Para o cálculo deste índice da inflação utiliza-se como base o custo de vida das famílias paulistanas que possuem renda entre 1 e 10 salários mínimos. Uma curiosidade: mesmo sendo um dos indicadores da inflação mais antigos do Brasil, ele é usado para medir, principalmente, alguns custos na cidade de São Paulo, como: 

  • Moradia;
  • Transporte; 
  • Alimentação;
  • Despesas pessoais;
  • Saúde;
  • Vestuário;
  • Educação.

Conclusão

O IPCA é um dos principais índices utilizados para calcular a relação de consumo entre a população e o consumo dos brasileiros. É a principal taxa de juros utilizada como indexador para calcular os juros de empréstimo.

Assim como a Taxa Selic, entender sobre o IPCA faz com que a gente saiba mais sobre as principais ideias e funcionamento da economia brasileira e, principalmente, como a inflação afeta a vida das pessoas.

Gostou do conteúdo? Então compartilhe-o em suas redes sociais e deixe o seu comentário sobre o IPCA.

Avalie esse post
A- A A+

Compartilhe este conteúdo:

Este artigo foi útil?

Um pensamento sobre “Saiba o que é IPCA e como ele afeta o dia a dia das pessoas

  1. Avatar
    Valmir Pereira da Silva diz:

    Informações, básicas e necessárias, explicadas de forma muito claras.,
    tornando compreensível conceitos fundamentais da nossa economia.

    obrigado

Comente o que você achou do artigo

Não se preocupe, o seu endereço de e-mail não será publicado.

A CashMe utiliza cookies para melhorar a funcionalidade e o desempenho deste site, personalizar o conteúdo proposto e dar a você a melhor experiência de navegação. Para mais informações acesse nosso Aviso de privacidade